
domingo, 27 de setembro de 2009
sábado, 26 de setembro de 2009
Entrevista a Gil do Carmo
O Speakeasy foi palco de uma conversa com música, recheada de profissionalismo e com um leve sabor a afectos. Fique nestas linhas e descubra porquê.
Rita Filipe – Quem é o Gil do Carmo?
Gil do Carmo – Quem é o Gil do Carmo? Como é que eu hei-de responder a isso… Sou um Lisboeta, português, de 36 anos de idade, que nasceu no meio da música e das artes, e que desde miúdo queria ser cantor, músico, compositor e estar ligado á música. (...)
RF- Porque é que aceitou uma entrevista para um blogue com uma Rita Filipe que não é uma jornalista conhecida?
GC – Porque adoro desafios, gosto de coisas diferentes, acredito nas pessoas, é cliente da minha tasca, e traz-me a garantia que é o conhecimento de ser frequentadora da minha tasca. Acho que mal não trará ao mundo fazer essa entrevista consigo, portanto é logo um bom princípio.
GC – Chama-se Speakeasy… eu estive para abrir o Speakeasy com o Lauren Filipe. Estive na génese da abertura desta tasca. Coincidiu que estava a viver nos EUA na altura. E Speakeasy é um termo…como poderei dizer…não é só técnico, é uma expressão idiomática, no princípio do século passado em Nova Iorque, na altura da Lei Seca existiam mais ou menos 32 mil Speakeasys. O que eram os speakeasys? Eram teoricamente casas de chá, onde nas canecas e nas chávenas de chá, se servia álcool, todo tipo de álcool e de certa forma os speakeasys estão associados à génese do Jazz. Génese essa que foi, passo a redundância, a génese desta casa. Começou como uma casa de música ao vivo, onde também de preferência se pode comer bem, mas começou basicamente orientada pelo Jazz. E daí chamar-se Speakeasy.
RF – Nunca pensou em abrir um segundo Speakeasy?
GC – Já pensei abrir vários, (...) tenho é a falta de uma qualidade, estou ainda para conhecer alguém, que se chama omnipresença. (...) eu sou verdadeiramente casado com esta tasca. Farto-me de trabalhar e acho que de certa forma o que se vive, e a vivência desta tasca passa por mim. Porque foi assim que eu a fiz. Não sei se o espírito que se sente aqui ou fazendo um franchising, ou abrindo uma cadeia de speakeasys…supondo Funchal, Porto, Faro, Almancil, Coimbra, se iria manter.
GC – Não se tem vida pessoal. Não existe.
GC – Estou e não é só a questão das noites. Para existir a noite teve de haver o dia. E tem de haver a programação do dia, as reservas, a programação da música, a orientação do pessoal, a mise en place, etc etc etc
RF – A sua razão de viver, neste momento, é o Speakeasy?
GC – Não. A minha razão de viver é o amor que sinto pelas pessoas que me são próximas. E os momentos felizes que essas pessoas me transmitem, que me fazem viver e que podemos viver em conjunto. Porque sou eu e o José Cid. “Eu nasci para a música”.
RF – Imagine que amanhã a Câmara Municipal de Lisboa lhe fechava esta casa por uma razão qualquer. O que é que lhe acontecia?
GC – O António Costa primeiro que tudo tinha-me á perna. Ai dele que faça uma coisa dessas. Já quer fazer o disparate de fechar o trânsito do Cais do Sodré para aqui. Aproveito para dizer que acho isso um absurdo. Mas o que faria da minha vida? Ia dedicar-me á música a 200%. O que também tenho muitas saudades.
RF – O Speakeasy tem um site. Nunca pensou criar o Blogue do Speakeasy? O Facebook, o Twitter, Star Tracker. Qual é a sua relação com as redes sociais?
GC - Eu sou muito antiquado para a geração em que vivo. Detesto computadores, detesto essa chachada toda. Não quero que pareça pedante a minha resposta, de forma nenhuma. (...) Gosto de sentir o calor da forma da comunicação, gosto de ouvir a voz e de saber que tenho um interlocutor. A história do Facebook, não tenho nada a ver com isso, não tenho pachorra.
RF – Como é que escolhe as bandas que ouvimos aqui todas as noites?
GC – Por uma selecção muito rigorosa. Eventualmente o prestigio que os clientes dizem que o Speakeasy tem, e que é um caso à parte. Fico feliz por isso. Tenho seguido um critério rigoroso nestes 10 anos. Ou seja, posso dizer que comecei com 5 dias de música mais orientada pelo Jazz, dos 5 passei a 4, de 4 para 3, para 1 e agora só a anunciar de vez em quando. Contra mim falo. Tenho muita pena que as pessoas achem “muita giro”, porque a expressão é mesmo essa, não é muito, é “muita giro”. Ai o Jazz é “muita giro”. Mas ninguém sabe o que é Jazz. Ninguém ouve Jazz. Diana Krall é uma excelente intérprete, e é uma excelente pianista, mas o que ela hoje faz já não é Jazz. Para perceber o conhecimento de música em Portugal, se não se ensina música nas escolas não se pode ter um grau de exigência para com o público. Porque as pessoas ouvem a música que lhes toca o coração. E isso é o mais importante. Contudo, é impossível ter uma casa sustentada na base do Jazz. Tenho muita pena. E hoje a programação do Speakeasy vai do Fado ao Hard rock. Democracia total. Desde que não baixe um padrão de qualidade, que é o meu. Há coisas que não deixo que passem nesta casa.
GC – Estou para fazer isso há bastante tempo. Já deveria ter sido feito. De facto é a verdade. Breve, breve.
RF – Quando é que vamos ter o prazer de ouvir o Gil do Carmo a actuar na sua própria tasca?
GC – (...) Acho que não é por ser dono de uma tasca que vou obrigar as pessoas a ouvirem-me todas as noites. Gosto da sensação de que as pessoas vão-me ouvir inesperadamente, e quem cá está é que vai guardar essa memória. E participo porque canto qualquer coisa com alguém. É verdade que quando peguei no Speakeasy comecei por tocar uma vez por semana, depois passou a ser de 15 em 15 dias e depois uma vez por mês, até que parei. Tive necessidade de parar para fazer um novo disco, o que já não acontecia há bastante tempo. E a verdade é que não voltei a esse hábito de tocar no Speakeasy. Mas brevemente voltarei de vez em quando.
RF – O Speakeasy parece imune à crise. Não sendo barato, está cheio todas as noites. Como explica isto?
GC – Acho que as pessoas, ainda para mais em crise, procuram onde se sentem bem e onde podem sentir-se protegidas da selva que é o quotidiano e o mundo lá fora. (...)
GC – É o único. É uma responsabilidade que me está a dar e eu não a quero ter. Se fico feliz por isso? Fico feliz por ser um louco que ainda acredita e continua nessa árdua tarefa e nesse árduo trabalho. (...)
RF – Qual foi a pergunta que nunca lhe fizeram à qual gostaria de responder?
GC – Não faço ideia… Como é que Portugal vai estar daqui a 10 anos? Talvez… é uma excelente pergunta, tenho 36, gostava de aos 46 ter os meus filhos numa escola porreira, os filhos que terei, e ter a certeza de que vivo num país com excelentes condições para os educar, o que neste momento duvido.
leia a entrevista completa aqui
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
Fui entrevistá-lo à tasca onde se encontra todas as noites. Speakeasy
Entrevista a Pedro Rolo Duarte
RF - O Pedro Rolo Duarte está neste momento, em simultâneo, na rádio, na televisão e na imprensa.
PRD- E na Internet (risos)
RF – O que é que falta? O que é que vem a seguir?
PRD – Bela pergunta. Não falta nada.(...)Há fases em que cai tudo em cima de nós, lembram-se todos de nós ao mesmo tempo, e há fases em que somos absolutamente esquecidos, ignorados e postos de parte. Eu já passei pelas duas. Estou a aproveitar esta.
PRD – Ser jornalista é ter curiosidade. Essa é a chave. E depois à curiosidade acrescenta-se o gosto por comunicar, o gosto por escrever, o gosto por ler, o gosto por observar, o gosto por ouvir. (...)
RF – Em 2003 escreveu no DNA uma crónica intitulada “A blague dos blogues”, onde criticava o uso da blogosfera por quem já tinha espaço mediático nos jornais. Em 2006 escreve no DN outra crónica intitulada “Mais vale tarde…”, em que com a chegada de Vasco Pulido Valente à blogosfera retira tudo o que disse 3 anos antes. Em 2009 não só tem um blogue pessoal, como tem o programa “Janela Indiscreta” sobre blogues. O que mudou entre 2003 e 2009?
PRD – Eu sou um verdadeiro político, o chamado troca-tintas. (risos) Não, por partes. Essa crónica que eu escrevi foi na altura inicial dos blogues, em que eu, acho que ninguém tinha, a noção do que era essa plataforma, em que me fazia alguma confusão que pessoas minhas conhecidas e do público em geral, pusessem nos blogues tudo aquilo que pensavam, como se não houvesse escolha, como se não houvesse critério, como se tudo aquilo que eles pensassem fosse interessante. (...)Segunda parte da história. Quando eu entendi o fenómeno da blogosfera passei a achá-lo interessante e portanto mudei de ideias. E essa altura corresponde à segunda crónica. Depois fui bastante pressionado ao longo dos anos para ter um blogue, nomeadamente por bloguers. (...)E eu disse sempre a mesma coisa. No dia em que eu não tiver onde publicar aquilo que escrevo eu abro um blogue. E foi exactamente o que fiz. O DNA acabou em 2005, eu ainda estive no DN mais um ano como colaborador com uma coluna semanal na última página e depois o João Marcelino tomou conta da direcção do jornal e enviou-me um email a dizer que a minha colaboração com o jornal estava terminada. E eu fiquei sem ter onde publicar. E então nesse dia criei um blogue. E essa é a razão pela qual tenho um blogue. Porque não tinha onde publicar, porque de outra forma talvez não teria.
RF- E a “Janela Indiscreta”?
PRD - Em 2006 quando saí do DN fui para casa. Não tinha nada para fazer. E o Rui Pêgo, director da Antena 1, telefonou-me a dizer que eu não podia estar sem nada para fazer, pelo menos tinha de voltar à rádio. Então combinámos que eu ia ter um programa. Fomos almoçar e no decorrer da conversa começamos a falar de blogues porque ele também não percebia muito da matéria. E às tantas é ele que diz: “e se nós fizéssemos uma coisa do género revista de imprensa diária mas aplicada à blogosfera”? Mas estávamos a conversar para alguém fazer. E ele perguntou-me: “porque é que não fazes tu?” E aceitei, estava sem nada para fazer.
RF – Twitter, Facebook, Star Tracker. As redes sociais são uma nova forma de comunicar?
PRD – Acho que é uma extensão da comunicação previamente existente. Não diabolizo as redes sociais, mas também não as ponho nos píncaros. Não é nada de extraordinário. (...)
RF – E é difícil falar com elas?
PRD – Não, não é nada difícil. (risos) Eu gosto imenso de conversar, e acho que sou um bom ouvinte.
RF – E o programa “Fala com elas” como surge?
PRD – O programa também foi uma coincidência de interesses. Eu não fazia televisão há 3 anos. Tinha feito um programa de entrevistas na SIC Mulher, foi a última coisa que fiz. Estava a preparar-me para voltar à SIC Mulher, as coisas atrasaram, não se proporcionou e a RTPn fez-me o convite. A ideia não é minha, é deles desde o início, achei engraçada a ideia. Porque não moderar um programa de mulheres? Mas é uma coisa modesta. Nem sequer é um trabalho de autor, eu sou apenas o moderador. Ajudei a juntar aquele painel, a escolha final das pessoas também não é minha. Eu ali sou uma espécie de operário.
RF – É mais difícil ser jornalista hoje do que quando começou?
PRD – (...) Teoricamente é muito mais fácil. Porque há muito mais meios. (...) Na realidade é mais difícil fazer um bom jornalismo. E acho que é uma contradição interessante, porque os jornalistas hoje têm acesso a tecnologia, meios, informação, têm muito mais meios e dispositivos ao seu dispor do que tínhamos há 20 anos. E o jornalismo que se faz agora é mais pobre do que há 20 anos. (...) Há menor rigor hoje em dia. Porque é tudo mais fácil. Vamos à Net. Diz que tem 40 anos, mas afinal não tem. Mas não interessa, já passou.
RF – Se não fosse jornalista o que gostava de ser?
PRD – Cozinheiro (risos)
RF – Porquê?
PRD – Adoro cozinhar, além de gostar de comer também gosto de cozinhar, e foi um prazer que descobri há pouco, talvez há 10 anos. E pelo qual me apaixono todos os dias mais um bocadinho. Nem sei se hoje em dia não gosto mais de cozinhar do que de escrever.
RF – Quem é o Pedro Rolo Duarte?
PRD – É um tipo comum. É uma pessoa absolutamente comum e normal, que teve a sorte de se apaixonar pela sua profissão muito cedo. Com 5, 6 anos já queria ser jornalista e nunca mudei de ideias. Comecei a trabalhar muito cedo e a ter alguma relevância na minha área, facilmente me tornei numa pessoa muito convencida e a achar que era o máximo, rapidamente levei na cabeça tanto tanto que percebi que era um tipo comum. A humildade que não tive no começo de carreira tive passado 10 anos, não demorou muito a chegar, e hoje tenho 45 anos e sou uma pessoa igual às outras, não me levo muito a sério, não me atribuo excessiva importância. E como isto é mesmo uma passagem é para aproveitar enquanto cá estamos.
RF – Que pergunta é que nunca lhe fizeram e que gostava de ter respondido?
PRD – (...) Sabe porque é difícil responder a isso? Porque quando se leva na cabeça o suficiente para se ganhar humildade, de repente não me atribuo grande importância. Acho que não desperto grande curiosidade. Um dos erros que eu cometi foi que expus demasiado a minha vida privada. Portanto quem quiser saber quem sou, não precisa de perguntar nada. Está tudo mais ou menos publicado em algum lugar.
entrevista completa aqui
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Entrevista a Sara Batalha – directora da Media Training Worldwide Portugal
RF - E como é que surge a ideia de trazer a MTW para Portugal?
SB – Talento não é tudo! (...) Toda a gente diz que Paulo Portas fala muito bem e que José Sócrates parece muito ensinado. Ambos conseguem passar a sua mensagem. Se conseguem votos já é outro assunto. Temos por outro lado um Joe Berardo ou um Alberto João Jardim que toda a gente diz que não sabe falar, mas a verdade é que um consegue votos e o outro negócios. E conseguem destaque e tempo de antena. Eles não falam bem, aparentemente. Temos os dois lados da moeda. (...)
- Sara, eu daqui a um ano quero ser presidente da Junta de freguesia.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009
